Este artigo que você começou a ler está na minha cabeça há mais de dois anos, desde agosto de 2010. Foi um ano muito difícil, acho que o mais difícil de toda a minha vida, pois num espaço um mês e vinte dias perdi meu pai e minha mãe. Dois golpes duríssimos da vida, não somente sobre mim, mas sobre toda a minha família. Eu nunca tinha imaginado estar no velório do meu pai, tampouco da minha mãe. É como se eles fossem imortais, pelo menos para nós, filhos. Era antevéspera do dia dos namorados, 09 de junho de 2010. Eu e minha esposa resolvemos sair de nossa casa, em Cachoeiras de Macacu e virmos a um Shopping Center em São Gonçalo, bem próximo à casa dos meus pais (onde eu moro hoje) e resolvemos dar uma esticada até lá para jantarmos com os velhos. Meu pai sempre foi uma pessoa muito expansiva, alegre, vascaíno doente e foi uma noite muito interessante. Ele contou que ficara mais de uma hora no telefone falando com minha irmã que mora em Curitiba, que meu irmão mais novo trouxera a filhinha recém-nascida para que ele conhecesse, e foi contando que todos os filhos o tinham procurado nos dois últimos dias e que dos seis, só faltava eu. Jantamos, dei um beijo e um abraço no meu pai, outro na minha mãe e voltamos para casa. Quando acabei de colocar o carro na garagem minha filha mais nova, Jenifer, veio correndo e pediu que eu atendesse ao telefone, era meu irmão e ele estava chorando muito. Atendi e ouvi: “papai teve alguma coisa, caiu aqui e eu acho que ele está morto”!
Minhas
pernas travaram, o coração disparou, eu só pude pensar em uma coisa: “ponha-o
no carro e vá para o hospital, eu vou retornar”! (era aproximadamente uma hora
de viagem).
Quando
eu e Marlan chegamos ao hospital já estavam todos lá e, ao longe, eu já pude
entender que o pior acontecera: meu pai estava morto!
É
impossível colocar em palavras o sentimento que me invadiu quando vi meu pai
ali, deitado dentro daquela urna mortuária, mas como filho mais velho, tive
que tomar a frente dos acontecimentos e ver documentação, funerária, cemitério
e tudo mais. Quando o esquife estava para sair a minha vontade era pedir para que não
fechassem o caixão, pois ele poderia ressuscitar e se a urna estivesse aberta
ele poderia sair, empurrar a tampa da gaveta e voltar para casa e eu pedia em silencio:
“Deus traga meu pai de volta”!
Ele
havia se reconciliado com Deus há apenas quinze dias, depois de uns oito anos
afastado dos caminhos do Senhor. Mas eu não fui atendido.
Foi
difícil, mas a vida continuava seu curso natural e alguém me disse: “seu pai
foi um homem especial, pois ele nunca teve a tristeza de sepultar um filho e
todos os filhos estão aqui para sepultá-lo”!
Dia
29 de julho de 2010, por volta das onze horas da manhã o telefone toca e uma
vizinha de minha mãe, muito nervosa dá a notícia: Tia Jô (como era
carinhosamente chamada por todos) estava passando muito mal e havia sido
levada para o pronto socorro. Imediatamente eu e minha esposa nos deslocamos
para o hospital e quando chegamos lá o médico deu a seguinte informação: “... ela
teve um A.V.E (acidente vascular encefálico) de grandes proporções, o cérebro
está tomado de sangue e qualquer intervenção poderá ser o fim, vamos esperar as
próximas setenta e duas horas para ver a reação aos medicamentos e saber qual a
melhor atitude deverá ser tomada”!
Iniciamos
um rodízio no plantão até que no dia seguinte o neurologista disse: “se ela sair
desse A.V.E ficará com sequelas graves; não vai andar, não vai falar, vai viver
como um vegetal”! Mais uma vez minhas pernas travaram a voz falhou e só me
restou clamar, mas no domingo dia 31 de julho de 2010 minha mãe faleceu e os
mesmos sentimentos tomaram conta do meu coração, ainda dolorido pela perda do
meu pai.
Mais
uma vez eu comecei a clamar dentro de mim, pois sei que o Senhor estava como
está agora, me sondando e sabia o que eu pedia: “Senhor traga minha mãe de
volta”. E um primo muito querido permaneceu aproximadamente uma hora ao lado do
caixão orando e eu sabia que ele estava pedindo o mesmo que eu: “ressuscita a
tia Jô”! Mas nem eu nem ele fomos atendidos!
Mas
em I João 5:14-15 está escrito:
14 - E esta é a confiança que temos
nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. 15 -
E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as
petições que lhe fizemos. Então porque o Senhor não me atendia?
A
partir daí eu comecei a questionar a Deus, pois na sua Palavra Ele nos diz que
em nome de Jesus nós ressuscitaríamos mortos e faríamos coisas maiores do que
as que Ele fez. E por muitas e muitas vezes eu passei longos momentos no meu quarto
de escuta esperando que Ele me desse uma resposta. Até que um dia Deus falou
claramente ao meu coração: “Pedis, e não recebeis,
porque pedis mal”! Como pedi mal? Tudo que eu desejava era que meu pai e
minha mãe voltassem da morte e, mais uma vez Ele me levou para Tiago 4:3 -
Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para os vossos vãos deleites.
E o próprio Deus
passou a ministrar no meu coração: quando Jesus ressuscitava os mortos era
simplesmente para mostrar que ele era Deus e que as pessoas precisavam crer
nEle para encontrar o caminho da salvação. Mas Ele me chamou para mais alguns
detalhes importantes:
1º
todas as pessoas que Jesus ressuscitou voltaram a morrer;
2º
Jesus nunca chamou atenção para si nas maravilhas que fazia, mas tudo Ele atribuía
ao Pai;
3º
Se meu pedido ou o do meu primo fosse atendido, provavelmente entraríamos numa
discussão para saber de quem era o milagre;
4º
imediatamente uma multidão iniciaria uma procura interminável para que
orássemos por pelas pessoas, muitos pagariam para que estivéssemos nos velórios
orando para ressuscitar seus entes queridos;
5º
Vaidade, orgulho, soberba, jactância, egoísmo, egocentrismo, ganância e tantas
outras coisas iriam tomar conta de nossas vidas;
6º
E disse ainda o Senhor: “estou te poupando de todos esses pecados e problemas e
ainda de um segundo sofrimento, pois certamente assim como as pessoas que Jesus
ressuscitou voltaram a morrer seus pais também voltariam à morte, portanto você
está sofrendo somente uma vez por cada um, sem contar que se eles voltassem à
vida pode ser que você morresse antes deles e a dor que um pai e uma mãe sentem
ao perder um filho é muito maior do que a sua e de seus irmãos”.
Aí
o texto fez toda diferença: Tiago 4:3 -
Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para os vossos vãos deleites.
Eu
sei que no momento de perda, tudo que nós queremos é recuperar o que se perdeu,
mas a Palavra diz em Romanos 12:2 - E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados
pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade de Deus.
Portanto
o nosso inconformismo tem que ser com o mundo, pois a vontade de Deus é boa,
agradável, e perfeita e humanamente falando, seria injusto, depois de alguém já
estar na glória, face a face com o Filho, em perfeita adoração, voltar a este mundo de assolações e
dores. Era o meu egoísmo que me fazia pedir tal coisa a Deus!
Perdão
meu Deus por querer mais minha vontade, que a Tua. Que o Teu querer cumpra-se
em todas as áreas da minha vida e de cada leitor deste artigo e que eu Te
busque até ser perfeito contigo, na glória por toda a eternidade. Amém!!!
Um
Abraço no Seu coração
Fique
na Graça e na Paz do Senhor Jesus
Pr
William Thompson