sexta-feira, 26 de outubro de 2012

- ANATOTE OU ACÉLDAMA?


Quem nunca foi tomado por um forte sentimento de culpa? Quem jamais desejou voltar no tempo para consertar as coisas? Mesmo Judas, o apóstolo traidor, sentiu-se profundamente arrependido do que fizera ao seu Mestre. No livro chamado “Eu, Judas”, onde o autor tentava redimir a figura do apóstolo traidor, entre suas teorias, talvez a mais contundente era a que dizia que Judas fora movido por um propósito altruísta. Ele achava que se “cutucasse a onça com vara curta”, Jesus se levantaria, assumindo Seu papel messiânico, arregimentando Seu povo para uma tomada de poder. A traição seria apenas um empurrãozinho. Mas as coisas não aconteceram como planejadas.

Quando Judas ouviu de Jesus que os discípulos deveriam se armar para acompanhá-lo até o Getsêmane, ele imaginou que finalmente a revolução ocorreria. Porém, Jesus jogou um balde de d’água fria em seus planos quando não apenas reprovou a atitude violenta de Pedro ao desembainhar sua espada para defendê-lo, como também colocou no lugar a orelha decepada de Malco, um dos soldados do Sinédrio que vieram prendê-lo.

Amargurado com os rumos dos últimos acontecimentos, Judas dirigiu-se aos principais sacerdotes e anciãos para devolver-lhes o dinheiro que recebera para trair seu Senhor. Tudo deu errado! Jesus fora condenado, preso, e em mais algumas horas seria crucificado. A conclusão a que Judas chegara foi expressa na frase: “Pequei, traindo o sangue inocente”. Já que não dava pra voltar atrás, pelo menos o dinheiro que recebera deveria ser devolvido. Mas para sua surpresa, os sacerdotes recusaram recebê-lo de volta. E olha que trinta moedas de prata eram uma quantia considerável. Como os sacerdotes recusaram-se a recebê-la, Judas atirou-a para dentro do santuário e retirou-se já resolvido a suicidar-se.

Que destino deveriam tomar aquelas moedas?

Por mais sórdidos que fossem aqueles sacerdotes, ainda lhes restara certo senso de ética. Em conselho convocado de última hora, concluíram: “Não é lícito metê-las no cofre das ofertas, porque é preço de sangue.”


Como alguém que foi capaz de subornar um dos apóstolos de Jesus para traí-lo, ainda seria capaz de posicionar-se eticamente? Por incrível que pareça, tal senso ético não tem sido facilmente encontrado em muitas lideranças cristãs.

A conclusão a que chego é que os principais dos sacerdotes que condenaram Jesus eram mais éticos que muitos líderes evangélicos de nosso tempo. Que vergonha! Quantos ministérios edificados sobre "Campos de Sangue"! Quantas ofertas recebidas que foram fruto de extorsão, venda de drogas, vidas arruinadas, dinheiro público desviado que deveria ser usado na compra de ambulâncias, merenda escolar, segurança, etc.?

Como eu poderia subir ao púlpito com a consciência tranquila sabendo que o dinheiro que mantém o ministério vem de fontes erradas? Como eu poderia pregar honestamente vendendo os votos do rebanho para um político inescrupuloso? Será que os fins justificam os meios? Será que Maquiavel tinha razão? Já que não somos católicos romanos, em vez de canonizá-lo, que tal elegê-lo como patrono de nossa causa? Há que se ter redobrados cuidados com ministérios que explodem de uma hora pra outra, comprando tudo que vê pela frente... Quem trabalha duro à frente de um ministério sabe que dinheiro não cai do céu...

Já que aquele dinheiro sujo não deveria ser depositado no cofre do templo, algo precisaria ser feito. Alguém teve uma “brilhante” ideia: Vamos utilizá-lo na aquisição de um campo para servir de cemitério para os estrangeiros. O conselho prontamente votou e aceitou.

O dinheiro foi considerado tão sujo, que mesmo que fosse usado na construção de um cemitério, este deveria ser destinado unicamente aos estrangeiros. Nenhum judeu poderia ser enterrado nele. A propriedade adquirida recebeu o nome de “Campo de Sangue”.

Interessante notar que o relato feito por Lucas difere um pouco de Mateus, que é o que temos considerado até agora. Segundo Lucas em seu relatório conhecido como Livro de Atos dos Apóstolos, o próprio Judas teria adquirido aquele campo com o “salário da sua iniquidade”.

Não creio que haja contradição entre Mateus e Lucas. O fato é que Lucas intencionalmente atribuiu a Judas a compra daquele campo para enfatizar o seu terrível destino. Como que por coincidência, Judas sai em busca de um lugar ermo para dar cabo de sua vida, avista uma árvore à beira de um precipício, pendura-se nela, com o peso do seu corpo, o galho se quebra, e ele se precipita no abismo, tendo suas entranhas espalhadas pelo campo. Era uma imagem horrível de ser ver. O que ele jamais poderia supor é que aquele lugar escolhido para ser cenário de seu suicídio era justamente o campo comprado com dinheiro que recebera pela traição.


Judas bem que tentou livrar-se daquelas moedas, mas elas o perseguiram até o fim.

Em contraste com Jeremias, que mesmo preso adquiriu, por ordem do Senhor, um campo em Anatote (que quer dizer “Resposta à oração”), o campo adquirido com o dinheiro da traição foi chamado de Acéldama, que significa “Campo de Sangue”.

Acéldama representa o fim da linha, o precipício do qual a alma humana se lança quando trai a si mesma. Toda traição é auto traição. Ninguém trai alguém sem trair a si mesmo. E toda a traição tem um salário e um custo. O custo jamais compensa o salário que se recebe dela. E não adianta tentar fugir, lançar as moedas de volta ao seu lugar de origem. Elas nos acharão!

O precipício é o preço da precipitação. Precipitamo-nos sempre que sacrificamos nossos princípios e valores no altar do imediatismo. Traímos nossas convicções por conveniência. Somos iludidos pela ideia de que é possível apressar o processo.

Um dia o que estava oculto vem à tona. As entranhas de Judas são expostas. E aí... será tarde demais.

Mateus 27:3-8

3 - Então Judas, o que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, 4 - Dizendo: Pequei, traindo o sangue inocente. Eles, porém, disseram: Que nos importa? Isso é contigo. 5 - E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar. 6 - E os príncipes dos sacerdotes, tomando as moedas de prata, disseram: Não é lícito colocá-las no cofre das ofertas, porque são preço de sangue. 7 - E, tendo deliberado em conselho, compraram com elas o campo de um oleiro, para sepultura dos estrangeiros. 8 - Por isso foi chamado aquele campo, até ao dia de hoje, Campo de Sangue.

Atos 1:15-19

15 - E naqueles dias, levantando-se Pedro no meio dos discípulos (ora a multidão junta era de quase cento e vinte pessoas) disse: 16 - Homens irmãos, convinha que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a Jesus; 17 - Porque foi contado conosco e alcançou sorte neste ministério. 18 - Ora, este adquiriu um campo com o galardão da iniquidade; e, precipitando-se, rebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram. 19 - E foi notório a todos os que habitam em Jerusalém; de maneira que na sua própria língua esse campo se chama Acéldama, isto é, Campo de Sangue.



Um abraço no seu coração!
Fique na graça e na Paz do Senhor Jesus
Pr William Thompson

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

- O CRISTÃO E A CAVERNA DO MITO PLATONIANO


Em momento algum da história humana, nunca se registrou uma procura tão acentuada por Deus quanto neste início de século XXI. Nunca houve outro período em que o nome Jesus rendesse tanto comentário e busca, mesmo que desesperada. Nunca se viu tanta gente em diversos seguimentos religiosos exercitar a fé, mesmo que cega. Então, o que faz o nome de Deus render tanta procura nesses últimos dias? Por que mesmo cheias de fé, as pessoas se encontram tão vazias e sem Deus?

Não precisa ir muito longe, basta dar um clique na televisão ou escutar o clamor do vizinho, ou mesmo, nos auto observar nos espelhos do dia a dia o quanto Deus está presente em nossas vidas, afinal: “Vinde a mim todos que estais cansados e Eu vos aliviarei”. E é justamente ai, neste alívio, onde se exercita a fé, ainda que cega e distorcida; é na nossa sede que vamos buscar água em poços desconhecidos e profundos sem encontrar água potável e doce, pois quando a sede é grande toda água é boa, na fome as bolotas que os porcos comiam pareciam caviar para o filho pródigo. E nessa direção, muitos vão exercitando uma fé morta por não encontrar o verdadeiro caminho.

Falar da fé tem sido lucro certo, nunca se falou tanto sobre fé. Os teólogos lançam livros a cada semana, a mídia tem escancarado o assunto de forma insigne, a música tem arrecadado milhões em composições enfáticas feitas quase que exclusivamente em nome da fé, de uma vitória que vai chegar à sua vida custe o que custar, até a filosofia, que de tão pouco consultada, hoje é uma das cadeiras principais nos cursos de ciências humanas, tendo um papel elementar na busca da fé ou na sua negação; tudo isto porque, a fé virou comércio e tem manobrado muitos fervorosos num “mito da caverna de Platão” que se repete a cada dia. Eis um motivo forte para a filosofia dar um tapa sem mão naqueles sedentos por Jesus, sendo assim, “conhecereis a árvore pelos seus frutos.../ ...conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.

Pelos seus frutos, muitos têm exercido uma fé cega, capaz de superlotar igrejas, andarem de joelhos nas ruas pagando promessas, ficar em casa sentado esperando a morte chegar, levantarem bandeiras sociais em nome da paz e do próximo, executarem o nome de Jesus nas tantas letras que o anunciam de forma distorcida e até mesmo se vestirem de nova criatura, mas trocando de roupa para acompanhar o ritmo e o compasso do mundo que de tão sedento por Cristo, continua bebendo na fonte errada.

Nessa cegueira espiritual do mundo moderno, as igrejas estão lotadas de pessoas com braços levantados para o alto, clamando por um Deus que eles não conhecem na íntegra, só de nome. Quando seus frutos têm negado a eficácia dessa fé, por não fazerem o que deveria ser feito, mas apenas o que mandam: vista branco, azul, amarelo, fique de joelhos, ande um quilômetro, ponha um copo d’água em cima do rádio, traga a carteira de trabalho para a porta se abrir; enfim, faça tudo, menos tentar conhecer a verdade e a Deus como Ele é: simples, ordeiro, amoroso como uma galinha que acolhe todos os seus pintinhos debaixo de suas asas sem discriminação; assim é o nosso Deus que não quer sacrifício de ninguém, nem faz acepção de pessoas, que está de braços abertos para aqueles que abrem a porta do coração para Ele. Por outro lado, o mito da caverna é gritante, quando alguém manobra as réstias na parede da caverna com o ventrículo nos deixando abobalhados com a cena, é assim que estamos: abobalhados, sem poder nos mexer, sem forças para questionar, olhar para trás e observar o que estamos fazendo e quem está nos iludindo até porque, o amor que Deus tem por cada um de nós é muito grande, por isso Ele nos adverte: “Errais por não conhecer as escrituras nem o poder de Deus.../ ...toda árvore que não der um bom fruto, será cortada e jogada no fogo”, porque a foice está amolada e em breve a colheita será feita.

Não quero terminar este texto o condenando ao fogo do inferno, ao contrário, quero terminá-lo condenando você de você mesmo. Diagnosticando sua fé que anda míope e precisa ser operada para que veja a luz dentro dessa caverna que você se alojou ao longo do tempo. Essa caverna de tantos cânticos, preces e louvores de um Deus vivo que ainda se encontra morto por não ter conseguido tirá-lo desse buraco negro de tantas verdades hipócritas que o faz sentir mais sede da verdade. A sua fome de leitura em torno da fé, seus ouvidos aguçados têm provado a sua sede por um Deus que você não descobriu ainda, mas sabe que Ele existe ai bem dentro de você, embora em uma penumbra ao se movimentar nas paredes da caverna do mito platoniano.

Sede, exercitada numa fé cega que teima andar no caminho estreito e levar sua cruz dia após dia, mas que quer as facilidades de um evangelho próspero e cheio de bênçãos. Fé cega, por louvar tanto o nome de Deus nas igrejas e nas praças e deixá-lo sempre em último lugar em sua lista de prioridades. Fé cega, de um povo que diz tanto amar a Deus e tê-lo no coração, mas que O nega em suas atitudes e falta de amor, por querer seguir seus próprios caminhos menos o caminho descrito na bíblia pelo seu Criador, em palavras que se cumpriram e vem se cumprindo ditas pela boca do próprio Cristo “Tua palavra é a verdade”, mas negada por muitos que dizem não serem suficientes, quando buscam outras. Fé cega, quando Deus não é suficiente para curar suas mazelas e trazer paz, procurando outros meios e pessoas para darem um melhor suporte para sua fé.

Foice amolada, que fará separação no dia da colheita e esbofeteará muitos daqueles que usam sua própria verdade sem observar as verdades de Deus, por continuar a questionar igual a Pilatos: “o que é a verdade?”, mas por perceber igual ao centurião romano, mesmo que tarde diante dos fatos: “verdadeiramente este homem era o filho de Deus”.

Verdadeiramente Jesus está voltando pelos sinais que se cumprem. Verdadeiramente amar a Deus sem segui-lo pelo caminho proposto por Ele faz de minha fé cega, ainda que eu não faça mal a ninguém. Verdadeiramente as vãs filosofias têm levado as pessoas a inverterem o caminho, procurando a felicidade dentro da caverna cujo mito alimenta a fome dos fervorosos e os afastam cada vez mais dos caminhos de Deus que mais parecem fardos pesados e difíceis de carregar.



Verdadeiramente sua fé pode estar cega, se você não der meia volta e olhar por trás de você e deter esse alguém que manobra o ventrículo que o deixa preso às mensagens doces, mas que amargarão no final. Verdadeiramente a foice está amolada, mas pela grande misericórdia de um Deus verdadeiro e que o ama, que espera você produzir frutos bons e vindos apenas dEle, que é a videira verdadeira e quando o momento certo chegar ele executará sua justiça de amor, cortando e separando o joio do trigo; o trigo que conseguiu permanecer em pé, mesmo sendo sufocado pelo joio que insiste em distorcer e cegá-lo com medo de ser cortado e lançado fora.
Então, corte você de você, suas práticas de suas práticas, sua fé de sua fé, para quando o ceifeiro vir com sua foice afiada não o lance no fogo eterno com sua fé cega.



Um abraço no seu coração!
Fique na Graça e na Paz do Senhor Jesus
Pr William Thompson


- EU NÃO CREIO EM DEUS!

  Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que espera...